No tempo do Zagaia
O menino esbraveja, sabe lá por quê,
se chovia lá fora, e dentro floriam
as cores da estação, tantas, que alheias riam,
do menino que grita sem razão de ser.
Era tempo de chuva e campos em flores,
de brotar o verde em todos os cantos,
de esquecer da dor e enxugar pranto,
pois amores perdidos não choram mais dores.
Mas ele insiste, num som agudo e cru,
como se o tempo de tristeza o embriagasse,
como se a alma, rebelde, ali se ancorasse,
esquecendo as flores, o céu e a cor azul.
Ah, menino, que brada na contramão,
deixa o grito ir-se na chuva, no vento,
desfaz teu lamento, quebra o tormento
pois é tempo de flores — e não de solidão.