A ave em meu ombro
De onde menos esperava-se,
surgiu como que pássaro encantado,
voando por sobre as árvores...
pousa em meu ombro.
E não sei porque razão...
ao observar seu vôo,
de tão alegre sensação,
não notei quando pousou.
Mas pássaro tão selvagem
pausado em ombro,
poderia machucar...
Era isso o que diziam.
Não tive receio,
não contive a ave.
E tão bela,
e tão sutil.
Alojou-se.
Sei bem que pareço árvore
por vezes.
Mas naquele momento,
não pensava em nada mais.
Abriu o bico,
e a mais bela canção pôs-se a piar.
Encantamentos saiam a bailar.
Como criança
deixei-me enfeitiçar.
E já não recordo como era antes,
mas sei que o falcão...
mesmo saindo sempre à caçar...
retorna à mim,
como adolescente ao lar.
E antes de dormir sorrio,
lembrando do canto
da bela ave.
E em minhas quimeras
até mesmo as mais simplórias,
tenho a nítida impressão de voar.