A ave em meu ombro

De onde menos esperava-se,

surgiu como que pássaro encantado,

voando por sobre as árvores...

pousa em meu ombro.

E não sei porque razão...

ao observar seu vôo,

de tão alegre sensação,

não notei quando pousou.

Mas pássaro tão selvagem

pausado em ombro,

poderia machucar...

Era isso o que diziam.

Não tive receio,

não contive a ave.

E tão bela,

e tão sutil.

Alojou-se.

Sei bem que pareço árvore

por vezes.

Mas naquele momento,

não pensava em nada mais.

Abriu o bico,

e a mais bela canção pôs-se a piar.

Encantamentos saiam a bailar.

Como criança

deixei-me enfeitiçar.

E já não recordo como era antes,

mas sei que o falcão...

mesmo saindo sempre à caçar...

retorna à mim,

como adolescente ao lar.

E antes de dormir sorrio,

lembrando do canto

da bela ave.

E em minhas quimeras

até mesmo as mais simplórias,

tenho a nítida impressão de voar.

Luandra Russo
Enviado por Luandra Russo em 14/01/2008
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