Nos Verdes Prados

Ao correr nestes prados,

De mãos dadas com tão pura donzela,

Nós, pelo Sol banhados

Sobre a grama singela,

Podemos desejar vida mais bela?

A relva tão macia

Que distante se estende sem percalços

Agora acaricia

Os nossos pés descalços,

Que retribuem gravando nela encalços.

Ó idílica alegria,

Cantar-te-ei nesta lira: és beldade!

És perfeita harmonia!

És tu felicidade;

Floresce em ti tão-só amenidade.

Rodeados de alvas flores,

Entre árvores e arbustos verdejantes,

Serão nossos amores,

Bel rubor dos amantes,

A etérea inspiração de aves cantantes.

Minha querida, fala-mo:

Que podes desejar de mais perfeito?

São véus de nosso tálamo

Níveas nuvens em preito.

Recebe, pois, o ardor vivo em meu peito.

Junto a mim, ó querida,

Neste ocaso verás o Sol descer,

Mas quero tua vida

Sempre c'o meu viver:

Vermos, juntos, a vida anoitecer.