Esperança no ar

E se a chuva caísse nos tempos de secas,

Lavando o pó que o vento espalhou?

Seria a terra um ventre que desperta,

E o deserto floresceria onde o nada reinou.

Os rios secos voltariam a cantar,

Sussurrando segredos de outrora,

E a vida, escondida, viria bailar

No abraço molhado da nova aurora.

As mãos calejadas da espera antiga

Sentiriam o toque suave do renascer,

E a esperança, como a água bendita,

Correria nos corações a florescer.

Ah, se a chuva caísse quando tudo é sede,

Seria o milagre do tempo invertido.

O silêncio da terra gritaria em verde,

E a vida, enfim, seria ouvida.