NADA SE ACABA

É quase noite.
É quase madrugada.
É quase dia.
No quase-quase,
O que se via, era quase nada.

Também podia.
Se a noite cansa,
E a madrugada enfada,
Certamente tudo, vira quase nada.

Se falta tempo, sobra uma vida inteira.
Se a vida é curta, ou passageira,
Melhor seria, que ao fim do dia,
Pode ser à noite,
A madrugada inteira,
Agradecer sem murmurar.
Em vez de praguejar, abençoar.
Fazer de conta,
Mentir pro sono.
Achar-se o dono.
Sorrir por dentro, sem se importar
Se a alguém por perto, pra questionar.

O que se faz em oculto,
Ou mesmo em público.
Não importa a razão.
Se faz consciente, mesmo sem gente.
Passa a ser importante, regozijante,
Vem do coração.

Preferir a noite e adiar o dia.
Não suportar o sono como companhia.
Estender razões pra encurtar pensamentos
E escutar a voz que vem lá de dentro.

Busca teu destino, como um bom menino.
Se achar que deve, e ao soar do sino,
Sobe em teus sapatos, calça teu caráter.
Vai na fé constante, passa adiante.
Esquece da hora e lembra dos motivos.
Seja só um pouco, mais compreensivo.

Era só uma noite,
Era só uma madrugada.
Mais o dia veio.
E se tudo é nada,
Nada ainda é tudo,
Porque nesse nosso mundo,
Nada se acaba.

Maurélio Machado,

Poema de Franklin Costa da Silva.

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