Vidinha Sossegada
À noite um cheiro de terra molhada,
Flores do campo e noite estrelada.
No amanhecer, o som da passarada.
Saudade daquela vidinha sossegada!
Do frio do inverno entrando na janela,
Do cheirinho de café,
Banana assada com canela,
do tempo sobrando e bastante fé.
A festa do divino,
Massas para serem arrematadas
As orações cantadas...
Que saudade da vidinha sossegada!
O Vô Joca cortando lenha pro fogão
A simplicidade e sabedoria de um Santo
A Vó Bida amassando pro pirão o feijão
E depois do jantar, rezar o terço num canto.
Panelas brilhando impecáveis,
No gramado roupas a quarar,
No banquinho as conversas afáveis
E as fofoquinhas que não podiam faltar.
Na vida irritante da cidade,
Algumas pessoas pensam diferente:
Pagar contas é pensamento constante
Carros,máquinas e prédios
São melhores que gente.
Lá no campo a criançada
Não tem medo de coruja
Sem limite e sem calçada,
brinca,corre e se suja.
Tem à tarde cuca,
rosca de polvilho,
biscoito e nega maluca
Saudade daquela mesa arrumada
Daquela vidinha sossegada!
Namorado no portão
Hummm! beijinho na boca
Causando explosão
mão naquilo e aquilo na mão.
Músicas, folguedos, cateretê
Festa Caipira e de Sant'Ana,
fogueira,danças e carne assada
Que saudade daquela vidinha sossegada!
Que
saudade
daquela
vidinha
sossegada!
1ª Publicação em 27/07/2006