OLHOS DE LUAR
OLHOS DE LUAR
A menina crescendo querendo socorro
Alguém para estender as unhas pintadas
Sentindo-se e dizendo para si mesma
“Preciso de alguém para me sentir
Para me sentir usada”. Deseja e arde
Ardentemente, alguém que a seduza
Ela tão fácil, daria tudo por um cara
E um carinho em seus peitinhos
Oferecidos, sussurrando desejos
Deseja ser a lua na órbita próxima
De um planeta. Deseja ser a graça
Serena, cair na cantada, numa treta
Fará de conta que vai acreditar
Em qualquer coisa que lhe disser
A cantada. Seu cofrinho atento
Deseja um namorado terrestre
Quem sabe um Alien. Ela não
Se negará nem terá medo. Ela só
Só não quer desperdiçar-se. Seu
Corpo nu, sua idade. Narciso nela
Deseja manifestar-se. Seu corpo
Seu capital, recurso passarela, coisa
Mais linda, mais cheia de graça
Seu rito de passagem ela sente
Aproximar-se. Cresceu rápido
Está apta e competente para ouvir
O grito primal. Ouvir o raio de sol
Quer berrar, urrar da dor ancestral
Menina mãe do erário, contínuo
Tesouro das gerações. A cabeça
Da menina saiu de sua vagina
Para ela valeu. Valeu a pena
Pariu uma companhia na cidade
Cinza. Reproduziu-se ela mesma
Para se fazer companheira
E nunca mais se sentir sozinha.