Agosto

Tem um elefante sentado no meu peito

Isso explicaria o peso

Mas não é sobre isso esse texto

É sobre ser esmagada pelos sentimentos

Revirada do avesso

Destroçado em pedaços

Ser morto pelo acaso

Cuspida em qualquer esquina

Num beco sem saída

Coberta de escaras

Do que a boca não sara

Faminta, perdida e suja

A roupa toda imunda

Vivendo o mundo nos trapos

As colchas são de retalho

Costura igual o meu peito

Partido, teimoso e sem jeito

Fissuras abertas ao acaso

Me falta o grito embargado

Não aguento mais ser estático

Me vou embora pro espaço

Onde nunca mais irei chorar

Virar poeira estelar

Asteróide em colisão

Poder criar a extinção

De tudo que me machucou

Juliana Bruns
Enviado por Juliana Bruns em 12/08/2024
Reeditado em 12/08/2024
Código do texto: T8126911
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