Rimando a vida

Cometi um ato falho.

Esqueci de por o alho, no tempero do feijão.

Ora, ora Deus me valha

Chuva escorre pela calha e faz lama pelo chão.

Chão de terra. Chão de barro.

Me esqueço e sempre esbarro minha mão na tua mão.

Meu segredo a pele rubra por medo que tu descubras por quem bate o coração.

Essa vida aqui, tá osso. Tô com a corda no pescoço

Tô devendo até o pão.

Pão de trigo sobre a mesa, na capela vela acesa espantado a escuridão.

Vou seguindo distraída, fui fiel e fui traída tantas juras de paixão.

Se pergunto o que houve, você finge que não ouve e se esconde no porão.

Porão sujo e assombrado fica embaixo do sobrado onde canta o azulão.

Nesse mar eu remaria, rezando a ave Maria e seguindo a procissão.

E por tudo que careço seu amor eu não mereço muito menos seu perdão.

Marisa Rosa Cabral

06/07/24

Marisa Rosa
Enviado por Marisa Rosa em 06/07/2024
Reeditado em 04/08/2024
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