INTERLÚDIO PAGÃO
Camanducaia, 29 de junho de 2024 - 12:47:11
INTERLÚDIO PAGÃO
Psiu, por que você não para e me nota aqui?
Eu sou o mesmo M. Guido que conhecia?
Por que você não para e pensa com atenção?
Eu sou o mesmo poeta que desnudava sua alma?
Sou tudo o que você quis... Mas em outros
O que você precisava, a real valorização...
... Sou a pessoa que você nunca quis amar
O eterno bom e velho mero só amigo (né?)...
Represento aquele conforto que você encontrava
Nas gostosas e infrutíferas conversas nas praças
Todo dia: sempre que você queria e me pedia
O anjo de luz, contudo sem qualquer contrapartida...
Sabemos que nos conhecíamos tão bem
E que desperdiçamos tantas boas chances
Mas nós éramos muito jovens e tolos (sim!)
Para sermos os senhores do destino (o nosso)...
Eu sou o mesmo garoto?
(Sim eu sou, absolutamente)
Você é a mesma princesinha?
(Sim você é, indubitavelmente)
Você é a única que muito me magoou
E eu sou o único que você bem precisou...
Mas ambos choramos, cada qual por sua razão
O tempo passou e ainda representamos tanto...
Mesmo quando fingimos que não nos importamos
Mas aquele fogo todo ainda está lá em nosso íntimo
... Ainda que estejamos bem longe da juventude
E que aprendemos amar outros ao nosso jeito doido
Você já se sentiu a necessidade de algo mais?
Creio que sim. Eu idem. O tempo nos cobra a verdade:
Aquela mesma que encobrimos em algum canto
Chamando decisões de maturidade, a esmo (em vão)
... Elaiá: sentimentos mistos e enlouquecedores
Jogados à (qual) sorte... Longe e perto de nós dois
Por mais que os lancemos ao tolo esquecimento
Eis que do limbo voltam... Imaturidades tão nossas...