DESAFOGO

Tantas vezes ouvi injúrias em todas as vozes, mas me calei

Em nome da pretensa moral, que soergue nosso sonho de perfeição

Eu fugi de tudo que mais queria, para fingir ser feliz com o que herdei

E me vi espancado pela consciência, ao dizer sim para o não!

Pássaro sem asas, acatei meu destino terrestre, mesmo sendo ar

Acenei delicadamente ao menosprezo de cada sorriso leviano

Em nome da paz, eu preferi viver comigo mesmo a guerrear

Quantas vezes tido por sábio, me senti o mais tolo insano!

Meu deslustroso olhar, mentiu ao beijo regado a tanta atonia

Porque não quis colidir com a verdade, que somente eu não notava

Eram assim os brindes que embriagavam minha felicidade de melancolia

Onde por trás do incolorido sorriso, por dentro eu chorava!

Agora eu dedico repúdio aos meus dias de pena e me nego esse afã

E nos pergaminhos da vida, uma nova história eu escreveria

Não sei se assisti-la me faria bem, mas garanto que não seria vã

Porque assim me sinto melhor: inimigo de minha própria covardia!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 08/01/2008
Reeditado em 13/01/2012
Código do texto: T808559
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