Pastora de Ilusões
Era toda ácida,
Mas tinha alma!
Era filha de sua tragédia,
Pequena e órfã,
Restagada por familia estranha
E por um Cristo inevitável;
Nunca nos contou
Sobre os abusos que sofreu,
Mas seu dedo mutilado
Era uma inscrição rupestre
Em sua caverna solitária;
Era forte
Mesma em seu corpo frágil,
Sentada em seu leito desalinhado;
E sua voz antes impiedosa
E dilacerante,
Tornou-se quase inaudível...
Sussurrante.
Desejava uma biografia,
Queria o registro em um livro
Perpetuando suas histórias
De resiliência e desventuras,
Mas foi sepultada
Sem lápide,
Em cemitério público,
Aquele que mais lhe dava arrepios.