Pastora de Ilusões

Era toda ácida,

Mas tinha alma!

Era filha de sua tragédia,

Pequena e órfã,

Restagada por familia estranha

E por um Cristo inevitável;

Nunca nos contou

Sobre os abusos que sofreu,

Mas seu dedo mutilado

Era uma inscrição rupestre

Em sua caverna solitária;

Era forte

Mesma em seu corpo frágil,

Sentada em seu leito desalinhado;

E sua voz antes impiedosa

E dilacerante,

Tornou-se quase inaudível...

Sussurrante.

Desejava uma biografia,

Queria o registro em um livro

Perpetuando suas histórias

De resiliência e desventuras,

Mas foi sepultada

Sem lápide,

Em cemitério público,

Aquele que mais lhe dava arrepios.

Fabio Kilcher
Enviado por Fabio Kilcher em 30/05/2024
Reeditado em 30/05/2024
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