VONTADE
No lusco fusco do dia,
No fim da tarde de sol
No morrer da luz tão linda
No vir a ser da noite fria
No meio de Gente Grande
No coração das Crianças,
Há uma vontade tão grande
De brincar e ser feliz.
De Mentir que se é bom
De Cantar, de não chorar,
E, se chorar, só de alegria
Vontade de Náo morrer.
Vontade de caminhar
Sem nunca ter que parar
Vontade de Só amar,
Sem nunca ter que esquecer
Vontade de só ficar
Sem nunca ter que partir
Vontade de nunca ser
Aquilo que não se quer
Vontade, enfim, que nem sei
Se é vontade ou se desejo,
Se é loucura ou se é razão.
Mas no fim resta a verdade
Que resume esta vontade
Num sonho, somente um sonho!
(Porto Alegre, 1974)