Fantasia sob o sereno
Eu olho pra fora, e está chovendo.
Mas aqui dentro não chove, e lá os meus olhos ficam.
Você aparece chorando sempre, na minha cabeça.
As horas escorrem, e nada pinta.
Às vezes, as horas devolvem-me memórias.
Como ondas que açoitam as rochas na praia.
Nada podem-nas abalar… Obscuras,
Suprimem, no peito, todo o mistério.
Finalmente, a tarde soterrou as dúvidas da infância.
Porque o oceano… É apenas esta chuva fina.
Esta tristeza… Eu vou deitar amuado…
E sonho com os céus acima, enquanto durmo.
Certas imagens ficaram gravadas na chuva,
Ou nas correntes marinhas profundas da memória.
Me fazem flutuar, às voltas, acima do mundo,
Ou querer esquecer que outro mundo existe.