Os Sapatos na Janela
Aqueles sapatos na janela, gritaram ao meu olhar
Por onde andaram e por quanto tempo
Que precisaram, ali, repousar?
Os pés a gente sabe: o calcanhar dói
E os dedos até calos ganham
Mas... os sapatos?
Como é que, um descanso, reclamam?
Eu não sei, mas achei lindo vê-los ali
E pensei: talvez seja o empoderamento dos sapatos
Reivindicando horas de descanso
Depois de dias trabalhados
Acho justo, afinal, existem caminhos onde a terra é fofa
Mas outros em que as pedras são muitas
E ninguém lhes pergunta:
Querem continuar? Precisam de ajuda?
Furados, molhados, com salto ou com barro
Os sapatos são incrivelmente amigos
Nada mais justo que, após um longo dia a caminharem,
Descansem à janela
Com a vista para o infinito.