Me manda flores hoje, não espera eu morrer seu idiota...
Desconhecida dor, que ao transmutar,
Em teu colo frio a vida se esvai,
Perpassas-me agora, feita vendaval,
Embargando planos, sonhos tão reais.
Ó malfadado encontro, folhas caídas,
No jardim que outrora viço guardava,
Transmutaram-se lírios em despedidas,
E na senda da vida a morte chegava.
Ah! Não esperava eu, triste insistência,
Que as flores que dantes me ofereceste,
Se tornassem sina, cruel irreverência,
Levando-me embora, num adeus celeste.
Ó idiota, que distante agora estás,
Afeiçoaste-me, em tempos breves e vãos,
Mas o destino cruel, qual carrasco audaz,
Ceifou-me a existência, findou meus anseios sãos.
Assim, em versos cultos, triste esmoreço,
Perdida nesta trama, teu legado infausto,
Onde as flores outrora tiveram viço e sucesso,
E hoje fitam-me, sem vida, em seu néctar gastado.
Mandas-me flores, ah! tal dádiva insana,
Mas não previa eu, efêmero ser partilhar,
Que na trama da vida, a morte será soberana,
E o encontro de nós, jamais pudera prosperar.