Me manda flores hoje, não espera eu morrer seu idiota...

Desconhecida dor, que ao transmutar,

Em teu colo frio a vida se esvai,

Perpassas-me agora, feita vendaval,

Embargando planos, sonhos tão reais.

Ó malfadado encontro, folhas caídas,

No jardim que outrora viço guardava,

Transmutaram-se lírios em despedidas,

E na senda da vida a morte chegava.

Ah! Não esperava eu, triste insistência,

Que as flores que dantes me ofereceste,

Se tornassem sina, cruel irreverência,

Levando-me embora, num adeus celeste.

Ó idiota, que distante agora estás,

Afeiçoaste-me, em tempos breves e vãos,

Mas o destino cruel, qual carrasco audaz,

Ceifou-me a existência, findou meus anseios sãos.

Assim, em versos cultos, triste esmoreço,

Perdida nesta trama, teu legado infausto,

Onde as flores outrora tiveram viço e sucesso,

E hoje fitam-me, sem vida, em seu néctar gastado.

Mandas-me flores, ah! tal dádiva insana,

Mas não previa eu, efêmero ser partilhar,

Que na trama da vida, a morte será soberana,

E o encontro de nós, jamais pudera prosperar.

Dom Maciel
Enviado por Dom Maciel em 16/03/2024
Código do texto: T8021245
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