– Vem! Boi!
Estouro de gado
Alazão selado.
– Bisão abusado?
‒ Sou seu algoz.
Cerco de lado
Galope veloz.
– Rei! Boi!
Atravessa o riacho
Não sou palhaço.
Sigo seus passos
Giro em compasso
Bisão no laço
Sou cabra-macho.
– Vem! Boi!
Chapéu de couro
E um dente de ouro.
Espaço vazio
Uma vaca no cio.
Espora chicote
Dispersa um garrote.
Dou uma carreira
Na capoeira
E levanta poeira.
– Hei! Boi!
Sigo em frente
Sem acidente.
Nas asas do vento
Salto atento.
Cavalo alado
É meu alento.
Tem um na chapada
Mas junto aquele boçal.
Boiada cercada
Mugir no curral.
O sol é poente
Estrela cadente
Frio ardente!
Fogueira inocente!
Coloco meu manto
De vez em quanto
Canto uma canção
Ao luar do sertão.
Viola que chora
A ecoar no grotão!
Versos de outrora
Feito um refrão!
(Livro: Vermelho Navalha/2023 - ISBN – 978-65-00-88845-4)