– Lá ou aqui?

 

Retornarei ao campo.

Chega de cidade grande.

Lá tenho dos pássaros o canto!

E o petricor da chuva na terra.

 

‒ Aqui!? - Só o esgoto se expande.

E alguém que grita:

‒ Me erra!

 

Nada de florestas com arranha-céus.

O elevador me dá susto!

E a fumaça de óleo diesel. . .

É o combustível do ébrio.

 

Na roça, a casa e o terreiro

Tem piso de terra batida.

A cama é a rede fixa nos caibros

E pra descansar. . .

Uma esteira estirada no chão.

 

O que você planta é seu. . .

E as árvores dão frutos!

 

Nesse trânsito engarrafado e louco

Alguém pede passagem. . .

E o palavrão que você ouve é pouco;

Pois ao seu lado não falta coragem!

Sendo um carro cofre. . .

Um tiro de canhão.

 

Lá. . . no seu caminho

Um carro de boi

Dá-lhe ultrapassagem

Num acesso de terra;

E um bom dia com sorriso. . .

Vem no rosto do condutor.

Você pode até ouvir um som. . .

Mas só à noite - do sapo-boi.

 

Lá não tem o esturjão do Mar Cáspio,

Mas você prepara e come

Ovas de salmão, ou de truta ou de lumpo

E ninguém sabe que é caviar!

 

‒ Mas aqui!?

Se envaidece a elite

Com essa iguaria elementar

Numa conversa sem limites. . .

 

Deixo a cidade iluminada

Com luzes de neon!

Mas lá tenho a noite estrelada

E a harmonia de um acordeom!

 

Lá o seu velório também é certo

Mas você terá o seu universo

Um cúmplice esperto!

Que lhe trará todos os versos

Que a morte não vai destruir.

 

(Livro: Vermelho Navalha2023 - ISBN – 978-65-00-88845-4)

Ótomo Rélcia
Enviado por Ótomo Rélcia em 06/03/2024
Reeditado em 07/03/2024
Código do texto: T8013892
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