Branco e Preto
Mãos de mármore
Finas e graciosas
Despedaçam o improvável
Na litera dos anos dourados
Selos de epístolas
Amareladas na gaveta
Teia de Cronos
Nas paredes as manchas
Os cachorros, o baú de carvalho
No porão da casa passada
Esqueletos de marfim
Piratas de pernas de borracha
Na mesa o rosário caído
De contas de lágrimas
Do subúrbio de eras pretéritas
Nos montes da igreja
Já não canta o silêncio
A morada dormiu
No caminho de cores
Os opostos enamorados
Despida de areia e barro
No contraste da linha vista
Na fenda de ouro
De latão a nau viaja
No peito o espelho
Preto e branco
Flores murchas do canteiro
A vida nua e rica