Saudades
Saudade do tempo que não vivi
Dos amores desprezados
Da rosa não beijada
Do sonho não realizado
Da face ignorada
Do sol não contemplado
Das nuvens de algodão
Do tempo que sorria
Da boca vazia de amor
Da palavra contida
Do sorriso ignorado
Das aves bebês
Do impossível que era possível
Do olhar das estrelas
Da mãe protetora
Do mimo que sonhava
De um mundo colorido
Preto e branco
Vivo o inominável
De paredes paradas
Calças empoeiradas
Vasos quebrados
Quadros furados
Na lareira da vida
O vazio das horas amargas
Da coruja amiga
De Cronos colérico
Ouço o estalo
Da caixa de concreto
Enfeitado
Nos ossos da saudade