AVENIDA MADUREIRA

Lembro daquelas velhas casas

Na avenida Madureira, em Cacequi.

Daquelas velhas casas, saiam ferroviários

Para trabalhar na ferrovia.

Eram os graduados agentes

E os humildes maquinistas, foguistas,

E os artífices que trabalhavam

Nos trens e no depósito...

Daquelas velhas casas, onde ficavam a mães

Saiam filhas e filhos para o colegio,

No centro da cidade... passando pela Estação

E vendo os movimentos de gente,

nos trens que chegavam

Ou que partiam, sob a ordem do Sino do Agente....

Ficavam, naquelas velhas casas, os filhos pequenos

Que jogavam bolita ou futebol de pé no chão,

E quando não podiam sair, pulavam os portões

De madeiras, daquelas, velhas casas ,e ganhavam

A liberdade das ruas, dos becos e poças de lama,

Tão ansiadas por todos os guris...

Nos pátios daquelas velhas casas,

Os velhos pais faziam grandes fogos de chão

Onde com Peras e figos, faziam doces mágicos.

Enquanto tomavam chimarrão nas manhãs e nas tardes,

Dos sábados, domingos ou feriados,

Com rostos sérios e grandes silêncios, impenetráveis.

E os doces feitos em grandes panelões de ferro

Perfumavam, cada um com o seu cheiro,

todas as casas da avenida Madureira

e as ruas do bairro.

Perfumavam nossas almas e nossos corações...

E continuam perfumando nossas solidões

e nossas saudades, dos velhos pais e mães que habitavam

Aquelas velhas casas da Avenida Madureira em Cacequi...

Perdidos, nos tempos, aquelas velhas casas

E aqueles velhos perfumes de outrora,

Se manifestam e criam asas,

E nos abrigam e perfumam

As nossas almas e nossos corações agora

Que não são menos silenciosos,

Que as velhas mães e os velhos pais

Que habitavam as velhas casas dos ferroviários

Na Avenida Madureira, em Cacequi....

(Recanto da Ana e do Erner- Capão Novo janeiro de 2021

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 15/02/2024
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