DO SONHO DE UMA ESTRELA
Na quietude do silêncio
“alargou-se" os horizontes
e a saudade qual açoites
repontou recordação,
o mundo se fez pequeno
e o olhar trouxe o sereno
chorando a solidão.
A claridade da lua
fez espelho na lagoa
e os pirilampos, à toa
candeeiravam o momento,
o tempo se fez parado
como atendendo o chamado
da bruma do pensamento.
Pobre menina, tão velha,
pobre velha, tão menina,
na vida encilhou a sina
de ver o mundo mudar,
só que o relho realidade
lhe açoitou com a verdade
fazendo o sonho acordar.
E ali, se encontrava ela
por todos quase esquecida:
- Por que será que a vida
confina nossa vontade?
Talvez a nossa esperança
tenha êxito na andança
pro rancho da eternidade.
- Um dia serei estrela!
Pensava consigo mesma.
-E os que andarem “a esma”
vislumbrarei lá do céu!
Minha luminosidade
será o brilho da saudade
daqueles que andam ao léu.
E continuava o fado,
sozinha a divagar:
- Quando o dia clarear
eu hei de ser vento norte,
varrerei toda a tristeza,
as mágoas e a incerteza
soprando só boa sorte.
E o silêncio fez quietude
quando dois olhos fecharam
e, os sonhos emanaram
pro rancho ser solidão.
O mundo se fez quieto
coberto como um teto
quinchado em recordação.
Nessa noite, a lua cheia
surgiu feia e minguante,
pra dar vaza, num instante
a um sonho tão bonito,
e o céu passou então a tê-la
sendo a mais bela estrela
que brilhou no infinito.