PESCADOR DE ILUSÕES!

Lá vai um homem...

Tem pernas, tem braços,

E sentimentos,

Acorda de madrugada...

Envolto em pensamentos.

Tropeça na manhã...

Já no meio do rio.

Joga a sua linha...

Nas águas mansas.

Liberta os sentimentos...

Mas, tem a mente atormentada.

Começa a cantar...

Uma linda toada.

O sol já está bem alto.

Ama o rio... suas cachoeiras,

Os peixes e o firmamento.

Pensa naquela mulher...

Que rompeu os seus sonhos.

De súbito, sente um arrepio...

Um arrepio demorado.

Não consegue fisgar o peixe.

Suas esperanças...

Aos poucos, se distanciam.

A pesca não é boa,

As garças esvoaçam...

Junto ao seu santuário.

O seu olhar é manso...

Como a suave brisa.

Volta... Sua canoa...

Se embrenha na areia.

Corre como um menino...

Chora como um menino...

Caem lágrimas cansadas,

Miúdas e cristalinas.

Chora... Porque seu pranto...

É de um menino triste.

Januária/MG, 23 de outubro de 1979.