A despedida do pôr do sol
Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,
Nos campos serenos eu vou deitar-me e viver.
As sombras da tarde acariciam a vastidão do chão,
Na cabana enluarada, a luz banha o meu coração.
Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,
Haverá o crepitar suave da lenha a aquecer.
No lar aquecido, as mãos afagam a colheita,
E uma felicidade se mistura com a estrela feita.
Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,
Os campos de trigo cantarão o anoitecer.
O mugido distante do gado a se recolher,
Na mudez da floresta, cada casa a adormecer.
Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,
O riacho derramará a água fresca que vai fluir.
Os grilos cricrilam um novo cântico noturno,
Enquanto o poeta sangra um verso sonoro e soturno.
Assim, quando o pôr do sol desaparecer,
Na estrada escura, a vida há de renascer.
Os vagalumes piscarão no orvalho noturno,
E a luz da lua prateará os arbustos taciturnos.
Quando o último facho do pôr do sol desaparecer,
As ovelhas voltarão ao aprisco para chorar e se acolher.
Todo o campo adormecerá sob o lindo céu estrelado,
Os sonhos florescerão, qual cachos de trigais ao relado.
No bosque, a brisa branda balança;
Brilham flores, frescura que avança.
Corujas cálidas piam e planam pela ponte;
Tardes e manhãs, rios que a alma esconde,
[E um novo pôr do sol nascerá da primeva fonte.