A despedida do pôr do sol

Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,

Nos campos serenos eu vou deitar-me e viver.

As sombras da tarde acariciam a vastidão do chão,

Na cabana enluarada, a luz banha o meu coração.

Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,

Haverá o crepitar suave da lenha a aquecer.

No lar aquecido, as mãos afagam a colheita,

E uma felicidade se mistura com a estrela feita.

Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,

Os campos de trigo cantarão o anoitecer.

O mugido distante do gado a se recolher,

Na mudez da floresta, cada casa a adormecer.

Quando a beleza do pôr do sol desaparecer,

O riacho derramará a água fresca que vai fluir.

Os grilos cricrilam um novo cântico noturno,

Enquanto o poeta sangra um verso sonoro e soturno.

Assim, quando o pôr do sol desaparecer,

Na estrada escura, a vida há de renascer.

Os vagalumes piscarão no orvalho noturno,

E a luz da lua prateará os arbustos taciturnos.

Quando o último facho do pôr do sol desaparecer,

As ovelhas voltarão ao aprisco para chorar e se acolher.

Todo o campo adormecerá sob o lindo céu estrelado,

Os sonhos florescerão, qual cachos de trigais ao relado.

No bosque, a brisa branda balança;

Brilham flores, frescura que avança.

Corujas cálidas piam e planam pela ponte;

Tardes e manhãs, rios que a alma esconde,

[E um novo pôr do sol nascerá da primeva fonte.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 19/01/2024
Reeditado em 10/02/2024
Código do texto: T7980099
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