Havia um tempo...

Havia um tempo...

No meu tempo, que eu pensava não ter tempo.

O tempo de partilhar brincadeiras com meus amigos, deixei de ter tempo.

Julgava ter tempo de viver, apenas divagava.

Havia um tempo que meu cachorro latia quando eu chegava, era a sua felicidade,

E eu não reparava.

Havia um tempo que os velhotes se cumprimentavam

quando eu reparei, passou o tempo, eram outros tempos.

Aquilo é que eram tempos, só hoje constato o que perdi...melhor o que não vivi.

Havia um tempo que as ondas eram mais azuis, que a areia era apenas areia,

hoje tem plástico, vidro, lixo, e pessoas , apenas pessoas , sem vida ,

maquinas de nossa era, peças de uma sociedade a que as máquinas identificam de humanos.

Havia um tempo, que o mundo só andava se nós o empurrássemos,

que girava ao nosso ritmo, hoje somos nós que giramos,

Em torno de sonhos, em torno de vitórias.

Hoje não temos sonhos mas pesadelos, não temos corridas, mas pairamos,

Em torno do tempo que atempadamente perdemos a noção

do que ganhamos, nada, apenas areia

a cair numa ampulheta de vidro,

clepsidra de nosso tempo.