Labirinto Textual
Labirinto Textual
Comer teu sexo ao aspirar o cheiro da tua epiderme.
Beber num só gole as fezes vermicidas da própria indecência,
pular sem mover-se para nenhum lugar,
mas ainda assim pular,
para cumprir a risca o roteiro do destino.
Queimar-se com a frieza do feto abortado pela solidão,
ouvir a imensidão do Universo com o olhar míope do entendimento
(troque deliberadamente o oxigênio pelo ácido lisérgico).
Reduzir a sensatez até ficar do tamanho de um mundo incolor e opaco.
Brincarei com as palavras como se fossem um quebra-cabeça,
varrerei a limpeza de todos os nossos atos altruísticos
que deixamos cair pelas ruas.
Afogar no fogo a verdade
a qual perdeu seus direitos nos tribunais.
Plantar num solo impermeável a nossa alegria,
regando-a diariamente com nossos prantos e dores líquidas.
Nadar com resto da família nos mares petrolíferos,
ouvindo a melodia lúgubre das baleias.
Luzes acesas no cérebro parta enevoar nossa capacidade dedutiva,
estuprar literalmente a amizade dos poucos sobreviventes terrestres.
Tossir palavras gordurosas para causar enfartes.
Ser eletrocutado ao tocar no hímen do amor,
e caminhar bêbado pelo longo fio de arame da paixão.
Sento numa rocha de madeira para pensar:
como criar algo que ainda não existe,
como criar algo que Deus ainda não imaginou…?
Não crio poesias, simplesmente traduzo-as.
Por favor: Quanto custa a tua alma,
estou interessado em comprá-la.
É preciso primeiro se perder completamente,
para poder assim encontrar-se finalmente,
no labirinto cognitivo de Ser.
Gilliard Alves