Medo canino.
De noite, um cão começa a latir;
e, depois dele, todos os outros cães latem.
Até que o primeiro se cala.
E pouco a pouco, todos os outros também,
Até que o silêncio se instala,
Como se nunca tivesse existido
Aquele primeiro latido.
De noite, não é possível saber a razão do latido.
Talvez pelas sombras nos muros, pelo piscar das luzes, pelos gatos e outros bichos que se esgueiram...
Mas mesmo sem motivo,
Quando um cão acorda a noite,
Faz despertar nos outros cães,
Todos os seus fantasmas interiores.
E assim, o latido acorda o medo.
O medo de tudo.
A sombra da fé.
A engrenagem sombria do mundo.