Medo canino.

De noite, um cão começa a latir;

e, depois dele, todos os outros cães latem.

Até que o primeiro se cala.

E pouco a pouco, todos os outros também,

Até que o silêncio se instala,

Como se nunca tivesse existido

Aquele primeiro latido.

De noite, não é possível saber a razão do latido.

Talvez pelas sombras nos muros, pelo piscar das luzes, pelos gatos e outros bichos que se esgueiram...

Mas mesmo sem motivo,

Quando um cão acorda a noite,

Faz despertar nos outros cães,

Todos os seus fantasmas interiores.

E assim, o latido acorda o medo.

O medo de tudo.

A sombra da fé.

A engrenagem sombria do mundo.

Trebe de Maria
Enviado por Trebe de Maria em 22/12/2023
Código do texto: T7959625
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