CAMINHADA


Adiante dos meus passos,
eu vi o chào, o asfalto
e atrás da cerca, os pastos.
Mas se eu olhasse pro alto,
diante de mim, meia lua
e as nuvens esbranquiçando
o azul do céu matinal;
eu, caminhando na rua
e minh alma observando
todo tipo de quintal.

Eu vi jardins bem compostos
e outros bem misturados,
confusos, mas bem floridos,
formas pra todos os gostos,
nos pisos e nos telhados...
Nas pinturas, coloridos
variados, em tons claros,
brigando com o calor;
eu vi pintassilgos, raros,
ao sol exibindo a cor

presente em minha memória.
Outros pássaros cantavam
e variado era seu canto...
Mas eu vi outros, sem glória,
que tristemente trinavam,
na gaiola, o desencanto,
diante da liberdade,
do espaço que ali sobrava...
E minh alma mal sonhava
a razão de tal maldade!

Dos ramos de jerimum,
crescendo pela calçada,
colhi flores, pois sei um
bom jeito de prepará-las
e me  fui toda animada,
com cuidado a carregá-las.
Pés de fruta nos quintais,
eu vi, os mais variados:
romãs vermelhas e mais
vários outros, carregados...

Eu vi um terreno baldio
todo florido a brilhar
suas cores, no vazio
do espaço, na cor laranja
das flores. O tom sem par
do capim, que ali esbanja
a leveza das sementes...
Eu vi o mundo um jardim,
eu vi as gentes contentes,
numa vida estranha a mim...