ANEMOCORIA

ANEMOCORIA

O poema ficou calado, sem palavras

Quem precisa disso? Quando

Já se tem o vento, as ondas,

Gaivotas, os rochedos, pessoas...

Quando o outono chega,

O inverno se anuncia,

Ah, se a lareira falasse...

Mas pra quê? Pra quê?

Já se ouvem-se murmúrios,

Gemidos inexprimíveis,

Juras eternas de amor fugaz,

Mas não importa, vale a pena

Nenhum espírito que ama

É alma pequena.

O poema observa o horizonte

Que namora montanhas,

Areias que se desdobram beira-mar...

Folhas que despencam em balé

Até tocar a areia fria,

Nuvens que fecham o tempo

Provocando abraços, vinhos...

O poema viu tudo calado

Sem nenhuma palavra;

Deu de costas e voou...

Ali já tinha tanta poesia...

Voou como sementes de ipê,

Algodão, orquídea, dente de leão;

Anemocoria.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 01/11/2023
Código do texto: T7921690
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