ANEMOCORIA
ANEMOCORIA
O poema ficou calado, sem palavras
Quem precisa disso? Quando
Já se tem o vento, as ondas,
Gaivotas, os rochedos, pessoas...
Quando o outono chega,
O inverno se anuncia,
Ah, se a lareira falasse...
Mas pra quê? Pra quê?
Já se ouvem-se murmúrios,
Gemidos inexprimíveis,
Juras eternas de amor fugaz,
Mas não importa, vale a pena
Nenhum espírito que ama
É alma pequena.
O poema observa o horizonte
Que namora montanhas,
Areias que se desdobram beira-mar...
Folhas que despencam em balé
Até tocar a areia fria,
Nuvens que fecham o tempo
Provocando abraços, vinhos...
O poema viu tudo calado
Sem nenhuma palavra;
Deu de costas e voou...
Ali já tinha tanta poesia...
Voou como sementes de ipê,
Algodão, orquídea, dente de leão;
Anemocoria.