CERRADEIRO
CERRADEIRO
(Dux Pellegrino/Gerson Zequim 2009)
Sou chuvisco, névoa, cerração e nevoeiro
Sou um vento médio austral que sopra sorrateiro
Varrendo a nuvem de pólem no planalto goiano
Sou primo do sirocco e irmão do minuano
Patrulho fazendas vasculhando os quintais
Esgueirando como um lobo invisível e matreiro
Aspirando a poeira depositada nos arrozais
Sacudindo roseiras e arrepiando o mato rasteiro
No crepúsculo matinal chego pelo Norte
Penetro no profundo e mudo toda a sorte
Resfriando o fogo que queima o coração
Aplacando o calor que nasce da emoção
Sob o negro manto da noite incito ao amor
Trazendo uma brisa gélida na madrugada
Quebrando o orgulho da costela congelada
Estreitando o abismo embaixo do cobertor
Sou enviado por Deus para trazer a paz
Pulverizando o amor no sudoeste de Goiás
Sou apenas o vento que sopra com calma
Não sou causador do frio que vem da alma
Visito a cidade abelha a mais de cem anos
Presenciei progressos, vitórias e desenganos
Com fé me recordo do primeiro centenário
Desejando a Jataí mais um feliz aniversário