Infância

Meu pai descia o morro, no vale onde os passarinhos cantavam mugia o bezerro e de longe minha mãe gritava: - “solte o bezerrinho, menino, o deixe seguir a invernada, agora por ele nada podemos fazer se não lhe dar a liberdade”.

Vinha meu pai, olhando para o infinito buscando o termo mais bonito para nos entreter e encantar, se era poesia não deu para saber, seu gesto era de amor. Minha mãe dizia: - “filho ele vai onde a luz está”.

De foice ou facão nas mãos não desmatava, juntava lenha de madeira seca e irrecuperável, adubava com esterco do gado a vegetação onde campeava, ao salto do veado campeiro delirava com tamanha beleza...

Minas Gerais da “Libertar quae será tamem”, do peixe vivo fora da lagoa, de Carlos Drumonnd de Andrade e muito outros com poesias das boas, onde o melhor se tem em iguarias.

Serras da Canastra e Mantiqueira, minha paixão primeira, cuja distância geográfica nao impedia de serem lembradas, brava gente brasileira, brada meu povo, brada, nesse torrão mineiro que do café, a cana de açúcar, viu céu e terra, mas não viu por inteiro o mar. “O Minas Gerais quem te conhece não esquece jamais”.