O Pesadelo
Pesadelo é uma moldura abandonada,
É quando encabeço, e me enfureço!
É tela sem cor, o abantesma da arte,
A hipocrisia, é quando entorpeço!
É o lixo do lixo, ou quando enlouqueço,
É a náusea do bolo, amiúde, elasteço,
É quando adoeço, no descuido pereço...
Meu pesadelo ‘pesa’, é flagelo, lã sem novelo,
É quando não engrandeço, escureço...
Duelo de cutelo, da bomba o cogumelo,
É quando adormeço, e me arrefeço!
É onde eu me perco, tropeço,
Quando a blastoma maldita, estabeleço!
É o galope covarde onde me reconheço,
Se bem me conheço, quiçá o mereço?
Sem nenhum apreço, confesso:
Quando abro os olhos, agradeço!
Ah! Se eu pudesse propor,
Se sonho ou padeço,
Se me livro do mal, ou me abasteço,
Num breve instante, não sei se recomeço,
Se me fortaleço, ou meramente, aborreço?
Se fico medroso, e não me endureço,
Caio de verde, não amadureço.
Se na cama permaneço, perco meu preço,
Não enriqueço, só desapareço.
Se luto bastante, e não estremeço,
Sobejam os sonhos, na poesia aconteço,
Na vida não mando, e não a impeço,
Nos versos, nunca faleço!