Que venham até mim

A desordem da civilização

Atrapalha o tecer

Da minha arte

As cegantes lâmpadas

Me impedem de ver

A matéria prima

Para tinta sobre

Tela

O som industrial

Encobre o sussurro

Das notas

Futuras integrantes

De sinfonia

A sufocante fumaça

Blinda o meu nariz

Aos odores inspiradores

Valores externos

Contorcem e retorcem

Caminhos essenciais

Para vindas as ideias

Preciso escapar

Para paraíso bucólico

Visitar à mim mesmo

Estar em minha própria

Companhia

Longe da selvageria

Sofrida por minha cidadania

Fico longe de

Insuportável frequência

Causadora de

Interferência

Era antes parte

De minha vivência

Porém agora vejo

Que era autora

De indecência

No meio bucólico

Estou refugiado

Dos gigantes de ferro

E concreto

Estou acessível

Para mangueiras

Serpenteando

Pelo meio do marrom e verde

Chegam até mim

Me encharcam com pensamentos

Frases, figuras

Sentidos, metáforas

Qualquer coisa que eu possa forjar

Com palavras

Posso construir

Meu fazer artístico

E adotar meus próprios valores

Sem o atrapalhar

Da civilização

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 06/02/2023
Código do texto: T7712731
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