Que venham até mim
A desordem da civilização
Atrapalha o tecer
Da minha arte
As cegantes lâmpadas
Me impedem de ver
A matéria prima
Para tinta sobre
Tela
O som industrial
Encobre o sussurro
Das notas
Futuras integrantes
De sinfonia
A sufocante fumaça
Blinda o meu nariz
Aos odores inspiradores
Valores externos
Contorcem e retorcem
Caminhos essenciais
Para vindas as ideias
Preciso escapar
Para paraíso bucólico
Visitar à mim mesmo
Estar em minha própria
Companhia
Longe da selvageria
Sofrida por minha cidadania
Fico longe de
Insuportável frequência
Causadora de
Interferência
Era antes parte
De minha vivência
Porém agora vejo
Que era autora
De indecência
No meio bucólico
Estou refugiado
Dos gigantes de ferro
E concreto
Estou acessível
Para mangueiras
Serpenteando
Pelo meio do marrom e verde
Chegam até mim
Me encharcam com pensamentos
Frases, figuras
Sentidos, metáforas
Qualquer coisa que eu possa forjar
Com palavras
Posso construir
Meu fazer artístico
E adotar meus próprios valores
Sem o atrapalhar
Da civilização