A FLOR E O SOL
Nascendo entre relva estava uma bela flor,
Sob grande árvore que a luz do sol obstruía.
Em suas rosadas pétalas angustioso apelo havia,
Ao Sol, para que lhe desse uma centelha de calor.
Mas o Sol, que seus dourados raios blasonava,
Da pobrezinha, coberta de neve, se ria,
E ostentando seu orgulho com sacrílega ousadia,
Mais e mais da pequena flor se afastava.
Desesperada, juntando as pétalas e pedindo,
Ao Sol um cálido abraço de amor vivificante,
Exala no ar o seu perfume como estrelas ao céu subindo,
Como se fosse o último suspiro, naquele instante.
Agonizante, a pequena flor ainda teve alento,
E, em inaudível oração, suplicou por um momento:
- Sol, tu que tens o poder de iluminar o dia,
Por Deus, desnuda-me de roupagem tão fria.
A árvore, apiedada, sua ampla ramagem afastou,
Deixando passar cálido raio que à flor reanimou.
Ela olhou para o Sol e, pálido, o viu triste chorando,
Ocultando-se no horizonte e por seu perdão clamando.