Sempre escolhi
as flores
de pétalas suaves.
Olhando minha soleira
de ébano e jacarandá,
um som ao longe de oboé,
percebi que as suculentas
e os cactos têm me tomado.
Sobrando só um vasinho
de violeta dobrada, cansada,
Em meio à beleza seca e áspera
das suculentas e dos cactos.
Se não fosse ela,
não teria me dado conta
do meu atual estado.
Sem comiseração,
há um consolo em ainda
não ter flores de plástico.
Dou de ombros,
bem sei que é só
um emblema visível.
Não perdi
meu olhar de alto-mar.
Ainda sou dada a refletir,
especialmente, sobre
o poder do símbolo
e o que o torna sagrado.
Respiro aliviada enquanto
um pensamento me perpassa
cristalizando minha alma.
Não há mais
o multicolorido das flores.
Mas o verde, esse ressoa
para sempre a esperança.
Coração alegre
deveria ter
por herança
a felicidade.
HAUSER - Gabriel's Oboe