Desfolhas...
Numa consternação que não se explica
Retorcem-se, troncos em dor
Vão perdendo-se, grudadas vidas
Gravetos, frutos, flores e folhas
E dessa última...
já bem amarelada, apenas uma só delas, restou!
Passaram-se dias e dias
Chuva forte, desabou
Raízes se esgueiram, combalidas
Cessou, após vieram geadas, nevascas e frio
Ali, bem nas margens de um rio
A folhinha lutadora...
Esperneou, resistiu, não caiu, lutou!
Mas tudo tem hora, momento e lugar
Até desabar de vez e de muito lutar, desabou
Seguiu feito pluma, na bruma fraca, a sofrida...
Pra lá, pra cá em seu solitário e necessário, desfolhar
Nada há que a detém, jamais, nada cessa seu voar
Ficando cada vez mais leve...
Fraquinha, desidratada, vencida, que dó despencou!
Um vento marau amigo presenciou e prenunciou, triste fim
Frenou, de vez parou, mudou-se em direção e voltou
Em redemoinhos foi amparar, a pequena ressequida
Conduzindo-a, às águas cianas de seu mar
Para findar pós legado, assim poder se transformar
Recebida por uma linda sereia...
Cessou sofrimentos, a pobre...
Enfim costeando areia branca, se entregou
...descansou!