Casa de adobe
Casa de adobe - Marta Souza
Quanta saudade, daquela casinha,
Que tinha essência de harmonia
Que ostentava pura simplicidade,
Casa de adobes, lar da felicidade!
Adobes, nobres tijolos de barro cru
Com palha vegetal e agua para amolecer
Esterco fresco, de vaca, para temperar.
O tempo ao ar livre, era o forno para secar.
A cobertura, feita com palhas da buriti
Trazendo frescor, charme e rusticidade.
Quanta solidez no piso de chão batido,
Constantemente molhado e bem varrido!
Na cozinha, fogão rebocado com argila,
Na prateira, vasilhas lustradas com areia
E uma cantoneira com um pote de barro
Com agua fria e copos bem areados.
Sala simples, sem sofá, nem televisão,
Só uma mesa com cadeiras, de madeira
Um vaso com flores para ornamentação,
Sobre um guardanapo bordado à mão.
Na parede, um vetusto radinho à pilha,
Trazendo notícias e músicas antigas,
Enamorados ouvindo a radionovela
Suspirando e sonhando à luz da vela.
Cama de mola com colchão de capim
Colcha de retalhos com tecidos alegres
Na mesinha, pó de arroz e leite de rosas
De onde saiam as mulheres perfumosas.
Tudo simples na casinha de adobe
Todavia reinava alegria e felicidade.
São cenas reais de minha lembrança,
Que observei enquanto era criança.