O pavio ainda queima

O pavio ainda queima

Para onde vais ?

Por onde fores leva-me também...

As folhas caem e tu te fostes

Ontem morreu de dores

Teu canário amigo sem ninguém.

Levanta-se o silêncio

Na gelida manhã acizentada

Para quem darei bom dia

Olhando a mesa vazia

Só um xícara de café só uma alma.

Já não há disputas pelo sofá

Nem programas favoritos

Já não há o prazer de te ver adormecer

Ou de contar algum fato acontecido.

A janela aberta e tv ligada

O vento e o som na madrugada

Os olhos intrépidos de sono

E o abandono de quem não sabe nada

São meus todos os passos pela escada

As flores na sacada me perguntam por você

A pintura interminada, a ruptura do prazer.

Vai ver você vivênciou viveres

Vejo vaidades vagas verdades

Valores velados, vituperados, vedes ?

Um morcego entrou pela janela

Batendo as asas sem fim

A lâmpada a vida nela

Mais do que há em mim.

Até que o sono chegue e apague tudo isso

E um novo dia cresça

E o sol resplandeça forte e bravio

E reacenda o pavio que ainda queima.

By: Isaac santiago

isaac santiago
Enviado por isaac santiago em 03/09/2022
Código do texto: T7597433
Classificação de conteúdo: seguro