O pavio ainda queima
O pavio ainda queima
Para onde vais ?
Por onde fores leva-me também...
As folhas caem e tu te fostes
Ontem morreu de dores
Teu canário amigo sem ninguém.
Levanta-se o silêncio
Na gelida manhã acizentada
Para quem darei bom dia
Olhando a mesa vazia
Só um xícara de café só uma alma.
Já não há disputas pelo sofá
Nem programas favoritos
Já não há o prazer de te ver adormecer
Ou de contar algum fato acontecido.
A janela aberta e tv ligada
O vento e o som na madrugada
Os olhos intrépidos de sono
E o abandono de quem não sabe nada
São meus todos os passos pela escada
As flores na sacada me perguntam por você
A pintura interminada, a ruptura do prazer.
Vai ver você vivênciou viveres
Vejo vaidades vagas verdades
Valores velados, vituperados, vedes ?
Um morcego entrou pela janela
Batendo as asas sem fim
A lâmpada a vida nela
Mais do que há em mim.
Até que o sono chegue e apague tudo isso
E um novo dia cresça
E o sol resplandeça forte e bravio
E reacenda o pavio que ainda queima.
By: Isaac santiago