Peninha

É um tempo que só existe em minhas lembranças

De quando várias libélulas, pousavam, belas, nos varais do terreiro

E doce era o cheiro de minha avó aguando as plantas do canteiro

E o pé de laranja mimo, cheio, e o pai mimando sua criança

Tempo esse em que havia menos gafanhoto e mais esperança

Em que as fábulas resistiam às fábricas e suas poluições

Que a tecnologia não impedia as crianças de rodar seus piões

E por onde se andava havia gente encantada

E a criançada brincava com a terra molhada

Enquanto os mais velhos acendiam seus lampiões...

Naquele tempo meu pai criava uma sabiá (en)cantadora

E eu pensava que era encanto o que ela cantava

Hoje, mais sabido, sei que não era canto, sim lástima

A gaiola no pé de goiaba; meu velho cuidando da lavoura

Enquanto minha vó passeava pela casa farfalhando sua vassoura

Mas o que sucedera às libélulas, laranjeira, goiabeira e sabiá?

Onde foi parar a vassoura que minha velha costumava empunhar?

Que fim levou as plantas, as danças, as fábulas e os lampiões?

E cadê a terra molhada, esperança, os mimos e as paixões?...

...a solidão das pessoas dessas capitais...

Jey division
Enviado por Jey division em 20/07/2022
Reeditado em 21/07/2022
Código do texto: T7563870
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