No fastio da tarde
No fastio da tarde,
A seriema cantarola um desabafo
Com as penas do pescoço, assombradas,
Empoleirada na última réstia de sol
No fastio da tarde,
Uma perdiz invejando a seriema
Trila comprido procurando a companheira
Pelos labirintos secos do capinzal
No fastio da tarde,
O gado cabisbaixo deixa a mata
Em fila, mugindo, malha os cascos no carreiro
Ansiando a chegada ao bebedouro
No fastio da tarde,
Surge um homem montando em seu cavalo
Aboiando velhas cantigas da lida
Arrebanhando sua boiada imaginária
No fatio da tarde,
Chega de longe o zunido da cigarra
Adormecendo de um todo o meu dia
Pondo asas aos voláteis pensamentos