PANORAMA
Não se importe
Se eu olhar o plano das paisagens
Colher ali, mesmo a longa distância,
Gotas serenas de ilusão e verdade,
Se eu contemplar o panorama e disser que tudo é belíssimo pra mim.
Sou admirador
E se não admiro, empobreço
Não tem maior apreço pra mim do que contemplar e me maravilhar.
Não se espante
Se o sol não me queima,
Se para mim sua forte luz
Se transforma em delicado poema,
Se ao nascer ou se por,
tanto faz,
Pois a luz não deixa de me aquecer
Jamais
Não se admire
Se eu disser que mesmo com os pés no chão
Estou em vôo com os pássaros
Estendo minhas asas de um ponto cardeal ao outro.
Esse homem-corvo,
mesmo não tendo aprendido,
Sabe como voar
E depois retornar ao ninho.
Não me tome por louco
Se do nada e por mais um pouco,
Eu te disser
que sinto cheiro de baunilha
E começar a colher flores,
ou espetar meu dedo em um espinho,
Enquanto ando
pelo jardim mais lindo,
Rodeado de exóticas e raras flores.
Talvez não entendas de imediato,
Pois tua alma não sintoniza com a minha
Eu é quem estou sintonizado
Misturando-me a tudo
e aos poucos
Até ser o que não é mais
Mas ser espaço
Onde mora a poesia e nascem versos ao acaso
A poesia mora em mim
E eu nela
Somos tal
Qual pincel e aquarela
Descolorindo os versos dos quais eu estou impregnado
Se alguma cor me escapa
vou atrás dela
pois tal pintura não nasce
se eu não lhe reproduzo na tela
Em cores vivas e verbais
Então em arte me desfaço
recompondo o espaço
Em palavras eu me acabo
Mas a poesia não
Só estamos no começo ainda...
Não se admire se do meu olhar
sair palavra e poesia
Não se admire se ao olhar a paisagem
Me descobrir em miragem
Não se espante se ao ver o revoar dos pássaros
Roçar na minha asa em viagem
E na minha loucura verás que de poeta tenho pouco
Mas de muito tenho louco
Porém a poesia não é menos bela por isso
De olhares e viagens aproveita o panorama
Enquanto eu contemplo a paisagem
07/06/2022
11:02hrs