A RESPOSTA DA CURIÓ
Continuação do texto
"CONFIDÊNCIAS DE UM CURIÓ"
Sugestão de José de Castro
Na mata virgem, cantavam os passarinhos,
Cada qual com a voz que Deus lhe deu.
Uns vibrantes, outros ternos, compunham a sinfonia
Com que saudavam o sol surgindo no horizonte,
Trazendo para a mata a bênção de um novo dia.
A curiosinha cantava triste e desafinada,
Desde que seu grande amor foi aprisionado,
Cantava sua saudade e sua solidão
Com a voz cada vez mais cava e sem harmonia
Pois não havia em toda aquela floresta
Algum pássaro capaz de conquistar-lhe o coração
Fazendo-a esquecer o seu amor distante.
Até que numa manhã de primavera...
Era madrugada ainda e o sol apenas espiava
Por entre as sombras da noite o novo dia
Quando ela de repente.... Não podia acreditar no que ouvia
Era ele! O seu curió querido, de volta, esfuziante e livre
Soltando a voz naquele tom inconfundível
Chamando por ela com volúpia e ansiedade.
E ela, ao responder-lhe o apelo carinhoso
Sentiu no peito uma nova força vinda não sabia de onde
Que lhe deu de repente, o dom de bem cantar
Qual soprano de penas, em exuberante exibição
Respondeu-lhe o apelo na mais doce, viva e bela voz
Fazendo do seu canto lírico um testemunho vivo
De que até entre os pássaros se realizam
Os milagres do amor!
Maith