Baía
As ilhotas
preguiçosamente
bocejam
na maré seca
e fixam seus olhares
no singelo coreto
onde
uma Nikon --
manuseada
por dois olhos
estupefatos --
registra a alva
matinal,
chegando-nos de além
de Colares e Vigia,
sob forma de uma cremosa clareira
entre nuvens
amorfas...
Hoje demorará
um pouco mais para a tarde chegar?...
Talvez não...
E a tarde me chega do oeste,
de Cotijuba,
aquarelando-me o tempo
em pinceladas dadas
pelas notas de um Debussy,
refratadas nestas íris
vacilantes
que te contemplam...
Na amplidão do cenário,
a ave traceja agora
no Éter
um voo ondulado,
emulando no ar
o adeus
impronunciado
pelos lábios teus...
Tais cicatrizes do tempo
na alma
estigmatizam-me,
em detrimento
daquilo que está ido:
a aparência bem bonita
e calma.
O trauma tem como causa
o sentimento convertido
em ressentimento...
Àquelas (m) águas
não
posso voltar...
Lamento.