Areão em maio
O chumbo enche a paisagem
de sua cor fria e nostálgica.
O mar é morto
e não há ninguém na praia,
além de mim
e meu cachorro.
Ao longe longes barcos,
longes revogadas de maçaricos.
O cinza contamina o céu
e o mar e a minha alma.
O bege da areia
e do pelo do cão
discrepam do ambiente.
Mas o todo sugere o que há em mim:
nem dia nem noite,
nem negrume nem luz,
apenas a palidez da indecisão...
O cinza tedioso desliza pelo mar,
sobe pelo céu
e se dissemina por todo o panorama.