A LARANJEIRA...
Observe o pé de laranjeira,
Do qual tudo se aproveita,
Desde o fruto até o chá.
Se é milagre ou pura natureza,
O que importa é a beleza,
Em que tudo se tira e tudo dá.
Porque o amor não é dessa maneira?
Essa lei só desrespeita,
Mas no começo é tudo “já”,
Inicia-se com a luz da certeza,
Depois do olhar tira a clareza,
E põe a escuridão em seu lugar.
Deveria ter o sumo e não tristeza,
Ser gostoso na cama ou na mesa,
Brotando em qualquer pomar.
Mais eis que morre sem leveza,
Impregnando a alma de incertezas,
Mostrando o limo e os espinhos a arranhar.