A MENINA DA ROÇA
A menina acorda bem cedinho
Sonolenta, vai direto na cozinha
Pegar o caneco de alumínio com alça
No porta copo na parede sobre o pote.
Apressada corre para o curral
Tomar o costumeiro leite mungido
Ordenhado direto da teta da vaca
Gostoso, quentinho e espumoso.
Dirigiu-se rapidinho para casa
Buscar a rodia de pano de prato
Para carregar na cabeça a cabaça
Com água pura da fonte do riacho.
Desfilando faz a longa travessia
A árdua labuta agora que começou
Chegou a hora da enxada no ombro
Semear milho, feijão e melancia.
O espantalho fincado numa vara
Usando chapéu e no meio da roça
Na empreitada vigia a passarinhada
Que busca as sementes plantadas.
No sol escaldante do meio-dia
Embaixo da árvore o almoço
Bode com cuscuz e macaxeira
E um taco de rapadura e água.
A menina à tardinha cansada retorna
Esbalda-se na preguiçosa da varanda
Na ceia o prato de aguida e coalhada
À noite a espera do príncipe encantado.
fatima fontenele lopes
Rascunhos da Alma