passam as nuvens do tempo
diante de mim
colorem o ceu azul
de um cinza pálido
desenham no espaço figuras
que um dia
meus olhos crianças
interpretaram desenhos
tao simples
olhos infantis e ternos
que viam pássaros com asas
o rosto de Deus
olhos límpidos, verdadeiros
de um coração pequeno
mas tão inteiro!
iris que passeavam no infinito
sem ter pressa de ir
ou de voltar...
passam as nuvens do tempo
meu corpo doi
espanto de meus ombros
o fardo da vida
meus braços frageis
alcancam uma caneta
procuram um papel
e em circulos
desenho palavras
subo no mais alto
dos meus sonhos
e as palavras se fazem vida
pulsam no papel
sangram
e meus sonhos continuam
a serem escritos
e pulsa e goteja
meu coração
passam as nuvens do tempo
o circulo do sol brilha
alaranjado, forte, potente
meus olhos agora adultos
fixam-se no ceu
e com minha alma desenho sonhos
pinto imagens meio borradas
sorrio da ingenuidade
dessas lagrimas derramadas