O castigo do Xexéu
Como dádiva de Tupã, desceu do céu
Para consolar os indígenas adoecidos
Assim narram a bela lenda do Xexéu
A ave canora dos castigos recebidos
Com seu canto melodioso e agradável
Tecia as notas tão singelas e curativas
Que encantavam de modo inexplicável
Aos habitantes das florestas primitivas.
Mas o orgulho foi seu fiel conselheiro,
O fez achar-se o Senhorio do paraíso.
Esqueceu-se que era só o mensageiro,
Quando a soberba lhe tirou todo juízo.
Imitava de outros pássaros a melodia
Para provar que era exímio cantador,
Esquecendo de exercitar no dia a dia
O próprio canto com perícia e amor...
As outras aves se sentindo ofendidas
Foram apelar para o deus, seu criador.
Reclamando providências pretendidas
Duros castigos para o atrevido imitador.
E ao saber no que seu pássaro enviado
Se transformara por vaidade e ambição,
Tupã tomou o dom do canto abençoado
E como castigo lhe deixou a imitação.
Insatisfeitas impuseram outros castigos
E outras aves o perseguem por vingança
Eternamente destruindo os seus abrigos
Não permitindo que povoe a vizinhança.
Assim o Xexéu, famoso pássaro-tecelão
Para proteger sua ninhada dos algozes
Que abandonado por Tupã, seu guardião
Faz o ninho junto às vespas mais ferozes
E à revelia de outras espécies ainda vivem
Sempre exilados e vigilantes tais cantores,
Junto às vespas, corajosos sobrevivem...
Cumprindo a sina de exímios imitadores.
Adriribeiro/@adri.poesias