Art. 122 CP

Quem sabe um dia desses

Eu me enforco

Ou me jogo n’água quente

Pra dor passar

Dar um fim nisso tudo

No medo, no desespero

Na agonia de lembrar

E não parar de pensar

Quem sabe eu defenestro

Da tão convidativa janela

Sentir o vento no rosto

Pular do décimo andar

Não há medo da dor

E sim somente tristeza

De causar a desmerecida tristeza

Em quem jurou sempre me amar.

Batendo as botas no domingo

Do sábado à noite eu acordo,

Desperto com um humor negro

Me arrumo, saio de casa,

Toda vestida de preto.

Grosso contorno nos olhos,

Escuras unhas pintadas

Cruzes na orelha e pescoço,

Dedos com caveiras em prata.

Volto pra casa, almoço. Tranco-me no quarto que não é meu.

Ouço angustiados pensamentos. Mas no silêncio encontro Deus.

Penso besteiras

E escrevo bobagens

Mergulho profundo no fundo do Ser

Deixando aos medrosos somente as margens.

Chega o escuro da noite,

Os pensamentos pensam simplesmente

Outros pensamentos pensados por mim

No labirinto de minha mente.

Os pensamentos atiçam a mente

Em mais uma noite tranquila

De pranto, loucura e insônia

Para recomeçar minha rotina.,

2009

Hellen Ferraz
Enviado por Hellen Ferraz em 13/01/2022
Código do texto: T7428697
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