Barcos de papel
BARCOS DE PAPEL
Também já é grande a flotilha
De barquinhos em papel dobrado,
Navegando, seguindo as águas
Com os poemas inacabados.
A eles, respeito de poeta
Que apesar de todo empenho
Não expressou-se com forma bela,
Faltou mais tinta na aquarela.
Algumas rimas valem guardar,
Algumas idéias podem voltar,
Noutro momento, noutra vontade,
Sem ressentimentos vão esperar.
A história não os conhecerá,
Serão só lembranças navegantes
Que se foram sem saudade deixar,
Jamais repousarão nas estantes.
Os poemas que não navegaram
Existem por muita insistência,
O que no peito já não cabia,
Com as letras virou poesia.
Seguindo seus naturais caminhos,
Conduzam escritos com carinho,
levem também as desculpas, águas,
Afoguem todas possíveis mágoas.